ENTREVISTA Á MADRINHA DE BATERIA DA VAI QUEM QUER DE ESTARREJA


ENTREVISTA COM ANTONIA


ENTREVISTA COM ANTONIA- MADRINHA de BATERIA DA VAI QUEM QUER de ESTARREJA.

Olá Guerreiro, antes de mais deixa-me congratular-te pela forma como tens divulgado o Carnaval e as escolas de samba através do teu blog. Continuação de um bom trabalho e muitas felicidades.


- Como foi o inicio dessa paixão pelo samba e em particular por escolas de samba ?

Eu sempre gostei de dançar mas nenhum tipo de dança em especial. O samba e a escola de samba surgiram em 1998 quando fui com a minha amiga Maria dos Anjos à sede da Escola de samba Vai Quem Quer, da qual ela fazia parte. Na euforia da preparação de mais um Carnaval, o carnavalesco (Juan Rodrigues) perguntou-me se queria desfilar como destaque de carro, já que precisavam de alguém para representar o continente Africano. Para quem me conheceu na altura, bastante tímida, foi preciso um empurrãozinho e o acolhimento de alguns elementos para aceitar o convite. E assim começou a minha carreira como sambista…claro que adorei a experiência!!! Antes disso, apenas apreciava a minha colega de turma Cláudia Arrojado a cozer lantejoulas nos intervalos das aulas do liceu, longe de imaginar que viria mais tarde a fazer o mesmo…


- Qual o teu trajecto como sambista até chegares a madrinha de bateria?

Depois do primeiro desfile de Carnaval, referido anteriormente, passei a fazer parte da ala de passistas da Vai Quem Quer. Com os ensaios, sob a orientação da Cármen, e a ajuda das outras passistas mais experientes aprendi não só a sambar mas também a postura mais correcta a adoptar em desfile, a libertar os movimentos e a interagir com o publico. A atitude e vontade de fazer cada vez melhor já a tinha dos vários anos de prática de karate e competição. Cada desfile de Carnaval em Estarreja assim como as actuações ao longo do ano serviram também para adquirir alguma experiência e a melhorar progressivamente no samba. Desfilei como passista e destaque de chão até ser eleita madrinha da bateria, mas em qualquer dos casos procurei sempre divertir-me ao máximo e dar o meu melhor.


- Á quantos anos és madrinha na Vai Quem Quer ( Estarreja ) ?

Desde 2004


-Que mais te agrada ver em uma madrinha de bateria ?

Gosto da beleza dos movimentos e a sensualidade, a sintonia com a bateria e claro, um bom samba no pé.


- Qual frequência ou média de ensaios que realizas com (ou sem) a bateria ?

Na preparação para o Carnaval ensaio 1 a 2 vezes por semana, quando possível com a bateria não só para interiorizar as batidas e alterações de ritmo mas também porque permite sambar a um ritmo muito mais rápido. Com a bateria (nota 10J) a tocar também dá uma adrenalina…Para além dos ensaios faço preparação física para ter resistência suficiente para o desfile.


- Como tens visto a evolução das escolas de samba em Estarreja ?

O meu contacto com as escolas de samba só começou com a minha entrada para a Vai Quem Quer, dai ter apenas uma visão desta ultima década. Ainda assim, acho que o espectáculo das escolas de samba tem vindo a melhorar também fruto do espírito competitivo que se vive em Estarreja entre as quatro escolas. Concretamente em relação à nossa escola de samba os elementos com posição de responsabilidade, não só na direcção mas também na parte técnica (carnavalescos, mestre da bateria, ensaiadoras) têm procurado que a escola se apresente com um nível digno não só do desfile de Carnaval de Estarreja mas também com uma perspectiva nacional e até internacional. Por isso a nossa evolução tem sido notória e aproveito para elogiar o bom trabalho por eles desenvolvido.


- Momentos mais felizes no samba até hoje?

Têm sido muitos mas recordo com carinho o meu primeiro desfile de Carnaval porque foi sem duvida uma experiência fantástica, e claro o dia em que fui nomeada pela primeira vez madrinha da bateria porque senti um misto de alegria e orgulho mas ao mesmo tempo o peso da responsabilidade de conseguir corresponder às expectativas.


- E os momentos mais difíceis, menos felizes?

O falecimento do Marcelo após a sua passagem na Vai Quem Quer, que apesar de breve me impressionou bastante. Era formidável a sambar e transmitiu-me muitos conhecimentos também.


- Como tens visto a evolução em toda a sua estrutura das escolas de samba em Portugal?

A nível estrutural ainda há um longo caminho a percorrer já que existe ainda uma grande dificuldade de auto-suficiência financeira. No entanto em termos culturais, sociais e recreativos há uma evolução evidente e as escolas de samba cada vez mais interactuam com a comunidade através de diversas iniciativas ao longo do ano, não se limitando ao Carnaval.


- E a nível de dança como tens visto essa evolução?

O fácil acesso à informação e vídeos através da Internet e algum espírito crítico, a competitividade e o gosto pelo samba tem impulsionado a evolução da dança, mas continua a ser da responsabilidade das escolas de samba garantir, sob a orientação de ensaiadoras (res) o crescimento desta arte.


- Quais as madrinhas de bateria que mais admiras?

Prefiro não nomear nomes porque procuro em cada uma os aspectos que mais me agradam ou com os quais mais me identifico sendo por isso uma questão subjectiva. Mas não posso deixar de realçar que tive e continuo a ter como referencia a Carla Miranda da Vai Quem Quer.



-Que mudanças ou evoluções desejavas que acontecessem com o Carnaval de Estarreja e em particular com o desfile das escolas de samba?

Nos últimos anos já se introduziram algumas alterações no desfile das escolas de samba de Estarreja que na minha opinião permitem um melhor espectáculo, por exemplo a redução do percurso, a introdução do desfile nocturno e a realização do troféu de samba. Era necessário também um maior apoio financeiro por parte da comissão de Carnaval já que, pelo que me apercebo é geral, as escolas enfrentam todos os anos grandes dificuldades para desfilar com o nível a que já habituaram o publico.


- Que gostarias de ver acontecer com o samba em Portugal e em particular com as escolas de samba?

Ser criado um desfile à escala nacional com as diversas escolas de samba do país ou um evento que permita unir o samba do norte ao sul do país. Acima de tudo que as escolas de samba consigam manter uma competição saudável sem deixarem que a rivalidade tome dimensões desmedidas. Conseguir uma representação Portuguesa no Carnaval do Brasil é também um sonho…


- Mais em particular que desejos para o Carnaval 2010 da Vai Quem Quer?

Manter o nível de espectáculo que esta escola tem levado para avenida nos últimos anos, engrandecendo assim o desfile de samba de Estarreja mas acima de tudo que os elementos e simpatizantes da Vai Quem Quer possam desfrutar de um bom ambiente de festa e que entre suor e lágrimas todos se divirtam e lutem unidos pela conquista de mais um titulo de campeões.


Obrigado e muitas felicidades.

Publicada por GUERREIRO em 14 Dezembro, 2009

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